"Qualquer coisa que se mova é um alvo e ninguém está a salvo"
Como se já não bastasse todo o vazio da existência humana, o próprio homem ainda tem de tornar esta passagem curta e insignificante mais horrenda e traumatizante. Estar bem ou mal vestido é um fator decisivo para ser aprovado em algum meio social, seja de vínculo empregatício ou uma simples roda de pessoas conversando informalmente sobre a vida de outras. A aparência e o que cada um tem a oferecer faz parte do cartão postal que cada pessoa tem de apresentar antes de ser inclusa em qualquer coisa. Não é necessário afastar-se muito de sua zona de conforto para perceber que em grupos de amigos a desconfiança e a falta de amor mútuo se faz constantemente presente. Costumo comparar alguns destes círculos com leões, caçam juntos e trabalham no coletivo enquanto a comida é farta, mas assim que esta acaba ou que as fêmeas entram no ciclo de acasalamento, um ataca o outro como se nada que viveram juntos importasse, como se tudo o que fizeram juntos sequer tivesse existido. Ao contrário dos bravos leões, os seres humanos, não costumam se enfrentar diretamente, preferem os atos covardes, escondidos, praguejar e rogar contra o próprio companheiro no instante em que ele, por descuido, baixa a guarda. Sem dó, a disputa se torna política e o indivíduo que souber usar as palavras de forma mais mortal irá derrubar seu oponente. O golpe vai direto para o psicológico, afeta justamente onde mais arde, não é de hoje que dizem que a facada mais dolorida é a que vem pelas costas. Caído e sem forças para se erguer, ele abre os seus olhos encharcados de lágrimas e vê todos aqueles que um dia caçaram ao seu lado virarem-se de costas e então ele só consegue pensar, "qualquer coisa que se mova é um alvo e ninguém está a salvo..."
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